
Transformação digital para indústria e varejo
As mudanças no contexto econômico provocadas pela disseminação do novo Coronavírus foram inevitáveis. O isolamento social tirou a força da necessidade da presença física e abriu espaço para a presença virtual. Consequentemente, as relações de compra e venda também mudaram.
A tecnologia ganhou espaço e pode potencializar e efetivar novas culturas de consumo, relações de trabalho e entre empresas. Os negócios precisaram se reinventar para garantir a sua sobrevivência e felizes foram aqueles que conseguiram e estão conseguindo se adaptar à inevitável transformação digital.
Seja no contexto da indústria ou do varejo, grandes empresas se destacaram nos 2 últimos anos e bateram recordes de vendas. Isso só foi possível porque elas apostaram na tecnologia e conseguiram otimizar os seus processos de gestão, compra e venda. E ainda foram além.
Já se descobriu que as adaptações à realidade digital devem estar vinculadas a uma mudança de mentalidade na cultura da empresa. Em primeiro lugar, é preciso capacitar as lideranças, rever processos e mudar as relações internas para que o novo contexto digital seja implementado de forma efetiva e proveitosa.
Neste artigo, vamos te apresentar como a nova tendência de cultura e produção impactam toda a cadeia produtiva, tornando a transformação digital da indústria e do varejo uma necessidade para toda empresa que busca competitividade no século XXI.
Transformação digital na indústria
No campo da indústria, a transformação digital vem se consolidando ao longo dos últimos anos a partir da 4ª revolução industrial. Esse é o momento, considerado já inevitável, em que a inovação é garantida pelo avanço das novas tecnologias, em que pessoas e máquinas começam a operar juntos.
As principais tecnologias aplicadas à manufatura industrial são:
- Cloud computing: também chamada de computação na nuvem, é uma forma de armazenar e compartilhar informações através de um software. Nele a gestão da indústria delega à inteligência artificial o poder de manter os dados em hardware e o acesso a eles pode ser feito de qualquer dispositivo digital, através de aplicativos.
- Big Data: operando nessa nuvem virtual, mencionada anteriormente, estão as soluções de Big Data, cuja função é armazenar, processar, fazer análises e gerar dados numéricos assertivos para tomada de decisões e aprimoramento de conhecimento em relação ao consumo do produto oferecido. Tudo isso com base em uma vasta quantidade de dados, que são oferecidos pelas máquinas, pelos sistemas e pelos trabalhadores da indústria.
- Inteligência Artificial: esse tipo de tecnologia trabalha atuante na operação de fábrica. São robôs que atuam na comunicação entre as máquinas e no seu monitoramento, detectando falhas, defeitos, entendendo as condições do produto fabricado para aprimoramento das linhas de produção.
- Impressão 3D: essa tecnologia permite a agilidade na produção, uma vez em que a importação de bens de capitais. Ao invés de se gastar meses trazendo um produto de outro país, a impressão 3D pode desenhar peças complexas, ou em 3 dimensões, através de um software.
- Internet das Coisas (IoT): ela permite que máquinas, equipamentos e dispositivos de uma planta industrial se comuniquem através de sensores que enviam os dados para o processamento dos softwares suportados pela Inteligência Artificial. A IoT permite maior controle do processo de produção e pode substituir os processos atuais de supervisão.
Todas as tecnologias acima citadas nomeadas poderão contribuir com uma visualização mais ampla do processo de produção, em tempo real, descentralizando a decisão do trabalho humano.
O sistema produtivo pode ser dividido em partes específicas que estarão conectadas quando necessário, garantindo agilidade e desburocratização das tomadas de decisão. Mas isso tudo só será possível se houver capacitação da mão de obra que opera essa tecnologia.
Para que ela funcione com perspicácia, é preciso pessoas aptas a manuseá-las. Antes de investimentos em robôs, dispositivos móveis ou softwares, é preciso rever equipes e colaboradores capazes de lidar com a agilidade do ambiente digital.
E mais do que isso, serão necessárias pessoas para otimizar os processos e alinhá-los à rapidez das tomadas de decisões.
Muitas empresas já conseguiram se adaptar a essa realidade e têm contabilizado um grande retorno financeiro, ou já possuem boas projeções para os próximos anos. Apresentaremos aqui o case da Energisa.
Da distribuição de energia à iniciativa da criação da própria Fintech
O Grupo Energisa é um dos cinco maiores distribuidores de energia do país e nos seus 108 anos de história buscou por inovação, o que não poderia ser diferente na sua adaptação à transformação digital. Seu CEO Ricardo Botelho anunciou o lançamento de uma nova plataforma fintech, intitulada Voltz.
Ela surgiu a partir da coleta de base de dados da jornada de clientes ao pagarem suas contas de energia. Isso quer dizer que o grupo já possuía tecnologia suficiente para coletar dados e a partir deles ampliar seu alcance e embarcar em novas áreas.
A análise de dados apresentou a dificuldade dos clientes em pagar suas contas de luz nos bancos. A solução proposta pela Voltz é incluir 1 milhão de clientes em 2 anos nessa realidade digital financeira.
Pagamentos de contas além da de energia, educação financeira, serviços de microcrédito e até recarga de celular são algumas das facilidades que a plataforma apresentará.
Tudo isso foi possível pois a empresa conta com 7 milhões de clientes que já interagem digitalmente com os serviços de consumo de energia, oferecendo assim dados armazenados em nuvem a partir de análises de Big Data para tomadas de decisões que ampliam a perspectiva de serviços oferecidos.
Além disso, a Voltz prevê uma redução nos custos com gastos de taxas bancárias que chegam a R$250 milhões ao ano. Um exemplo claro que apostar nas inovações digitais reduz custos e agrega valor para o cliente na ponta da linha.
Transformação digital no varejo
O primeiro semestre de 2020 contabilizou um crescimento de 40% nas compras online do varejo. O contexto da pandemia fez com que muitas lojas não economizassem em seus esforços digitais para equilibrar os riscos, aproximar os clientes e atender as demandas.
Quem estava mais preparado digitalmente não mediu esforços criativos e tomou iniciativas de marketplace online que impulsionaram as vendas e conseguiram lidar melhor com as dificuldades que a pandemia trouxe.
Antes de pensar nas tecnologias implementadas, a experiência digital deve ser precedida de uma base sólida de clientes, de plataformas de negócios abertas integrando parceiros, outros negócios e até os concorrentes.
E podemos voltar alguns anos e confirmar que muitas empresas já se destacavam com a inclusão digital, o que só lhes favoreceu o crescimento quando a pandemia começou.
Podemos tomar como exemplo o Magazine Luiza, que registrou nos últimos 3 meses de 2019 um lucro líquido de R$168 milhões. O Luiza Labs, criado em 2011, foi o laboratório responsável pela expansão digital da empresa, contando com mais de 500 pessoas pensando e criando inovação.
O Luiza Labs favoreceu o surgimento de novos aplicativos, que integraram novos serviços às redes sociais (o exemplo de inovação mais conhecido foi a vendedora virtual Lu). Tudo isso ampliou e democratizou a carteira de clientes, que antes tinham um acesso somente às lojas físicas.
As ações da companhia avançaram em 4500% durante os 3 anos de processo intenso de transformação digital. Foram 43 anos para que o Magazine Luiza alcançasse o seu primeiro bilhão, mas foram apenas em 3 anos que a empresa gerou R$3 bilhões apenas com o Marketplace.
Integrar todos os aspectos físicos, digitais, de marketing, de entretenimento e soluções financeiras garantem a adaptabilidade das empresas no mundo digital. E por mais que clientes voltem ao consumo nas lojas físicas, quem atraiu, engajou e se aproximou de seus clientes já pode estar um passo à frente no mercado futuro.
Em outras palavras, se no passado a pergunta era sobre quando promover a transformação digital, hoje já não há outra opção a não ser implementá-la. A dúvida agora é como promover a mudança com qualidade e eficiência. E a resposta pode não ser tão simples como apenas implementar a tecnologia.
A mudança começa na cultura empresarial
A implementação de novas tecnologias é apenas um dos pilares para a transformação digital ser efetiva. A cultura organizacional deve ser um aspecto primordial para que esse tipo de mudança realmente ocorra.
Processos operacionais menos centralizados e hierarquias mais flexíveis favorecem decisões ágeis e menos burocráticas. Mais pessoas se envolvem e pensam juntos: questionando, criando, inovando e se comunicando para que assim a Inteligência Artificial possa ser operada pelo alto valor do raciocínio coletivo.
É preciso capacitar e transformar lideranças para que elas aceitem o novo e possam mobilizar suas equipes para que juntos consigam inovar através da tecnologia. Nesse cenário, podem surgir outras novas lideranças cada vez mais criativas e com soluções eficientes e mais rápidas.
A partir de um novo modo de pensar a empresa, será possível o alinhamento às inovações tecnológicas. E só assim haverá a efetiva transformação digital, capaz de alavancar as vendas e conferir agilidade e competitividade para a empresa.
Em seguida, falaremos sobre alguns dos mais importantes.
Como impulsionar a transformação digital
Elencamos alguns pontos que podem ser de grande valia na condução do processo de transformação digital de um negócio. Nesse cenário inevitável de mudança, eles precisam estar interligados.
- É fundamental que você mapeie todas as possibilidades de inserção digital possíveis para o seu modelo de negócio. Existem hoje empresas de inteligência artificial que já prestam esse tipo de serviço, apresentando tudo o que já foi desenvolvido e é oferecido no mercado de acordo com o seu interesse. A partir desse mapeamento você poderá escolher melhor.
- Implemente a cultura digital como uma nova normalidade. Essa deve ser a premissa primeira para sua equipe e seus colaboradores: é necessário que seja natural pensar e agir de forma digital.
- A comunicação também precisa estar alinhada às transformações digitais, tanto interna, quanto externamente.
- A implementação de plataformas que acompanham a operação e gestão no processo de transformação digital irão agilizar e otimizar o processo de transformação. Esse é um investimento que requer constante atualização, adaptação e treinamento.
- Como em toda nova medida dentro da cultura empresarial, é muito importante avaliar. A partir do momento em que as mudanças foram realizadas, avalie a eficiência delas, seu alcance e sua efetividade, mensurando investimentos e resultados.
- É fundamental capacitar as lideranças, mesmo que isso sacrifique os antigos líderes. Quem está à frente da gestão digital cumpre um papel crucial para contagiar as equipes e engajá-las nessa transformação da cultura empresarial.
Está mais do que claro que a transformação digital para a indústria e varejo não é mais uma opção, mas sim uma obrigatoriedade para inserção no mercado competitivo. Grandes empresas vêm se destacando há anos porque conseguiram se adaptar de forma rápida e eficiente a essa nova realidade.
Os desafios não são fáceis e é preciso antes uma mudança na mentalidade que comece de cima. Novos líderes, ou líderes transformados, precisam implementar a nova cultura organizacional para que apenas depois a tecnologia consiga alcançar sua real utilidade.
Além de garantir o futuro do empreendimento a partir da abertura para novas perspectivas de vendas, novas relações com os clientes, novos canais de divulgação da marca, é preciso, antes de mais nada, conferir sempre ao seu negócio a rápida capacidade de adaptação ao novo.